Com um adorável sistema de combate e visuais, Momodora nos apresenta um estranho vazio, embora compreensível…
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No post de hoje, trazemos um jogo independente, relativamente antigo, que pode ter passado despercebido, sobretudo, pelos amantes de games retro em meados de 2016, quando foi lançado. Lembrando, mais do que uma análise de Momodora, esta é a nossa experiência com o game.
Contextualizando Momodora Reverie Under The Moonlight
Para os apaixonados por games retro e de plataforma é difícil, a primeira vista, evitar Momodora Under The Moonlight. Com sua pixelart bela e seu suposto labirinto metroidvania (uma mistura entre jogos inspirados nos clássicos Super Metroid e Castlevania) o game nos apresenta Kaho, uma corajosa sacerdotisa que desbrava uma terra amaldiçoada em busca de evitar sua corrupção total. Seu objetivo é acabar com maligna rainha da cidade de Karst.
Inspirado diretamente em clássicos como Castlevânia e The Legend of Zelda, Momodora foi desenvolvido por um brasileiro! Apelidado de Rdein, Guilherme Martins esteve sob direção e criação inteira do game, com suporte de outros artistas, que compõem, juntos, a BombService. E, com certeza, este detalhe será levado em conta para a análise.
Vale lembrar, que este é o quarto título da série Momodora, mas que se passa antes de todos os eventos da série. Confira abaixo o trailer do Game
A história em Momodora
A história de Momodora se passa no reino de Karst, que está sendo consumido por uma maldição que transforma os seres vivos em monstros e ameaça a existência de todos os habitantes. A protagonista, Kaho Reinol, uma sacerdotisa da aldeia de Lun, embarca em uma jornada para encontrar uma solução para este caos e salvar sua terra natal. E toma para si a missão de encontrar a Rainha do reino e obter sua ajuda para purificar a maldição. No entanto, ao chegar ao reino, Kaho descobre que a própria Rainha e todos ao redor, estão corrompidos pela maldição e é a partir daí que o jogo se desenrola.
A nossa experiência com o game
O que, definitivamente, saí em destaque em Momodora são os visuais e a jogabilidade, os controles de Kaho, embora simples, são bem agradáveis, respondem bem e lembram, em seu particular mundo 2D, Dark Souls. Se essa era a intenção do desenvolvedor, eu acredito que ele cumpriu com um certo sucesso.
Momodora conseguiu nos causar sensações mistas durante toda a sua campanha, algumas que agradam e outras que desagradam. Olhando de modo mais atento, por vezes imaginamos que o jogo soa como uma obra inacabada, em alguns pontos, porém, é perceptível o esforço e capricho em algumas partes. Mesmo que ciente das limitações do desenvolvedor.
Se por um lado sua pixelart, com ajuda de efeitos de reflexo e fumaça, consegue ser atraente, considerando Kaho e algumas partes dos cenários, como estes abaixo.
Por outro ele consegue ser um tanto pobre. Com um abuso de preto, escuridão e vazio torna que alguns pontos do jogo apagado e, ainda que a premissa dele fale sobre um ambiente desolado por uma maldição, é difícil olhar pra isso como resposta para uma falta de preenchimento quase absoluto em algumas partes, principalmente ou totalmente no background.
Os inimigos e batalhas conta os chefes
Momodora possui uma variação de inimigos mediana e a animação das figuras principais, principalmente da protagonista, é bem-feita, porém a animação dos inimigos comuns são poucas, bem como os detalhes de seu design são fracos, com poucas variações.
As batalhas contra os chefes se mostraram bem interessantes por conta de seus controles que respondem bem, à la Dark Souls – golpeia e esquiva -, mas a limitação do seu mundo 2D tornam elas menos empolgantes porque tudo acaba se resumindo a bater com a folha, a principal arma de Kaho, até eles morrerem, em algumas batalhas a esquiva pode ser completamente ignorada, como no caso abaixo. O que acaba não sendo tão interessante para um metroidvânia.
Mas ele surpreende com algumas batalhas mais complexas e que conseguem tirar do sério, como a batalha contra Lupiar e Magnolia, respectivamente Duquesa e Caçadora.
Está não é exatamente uma batalha difícil, mas exige do jogador muito mais domínio dos comandos e que se entenda os estilos de batalha das chefes. Sem contar que são 2 contra um.
No geral, o desafio proporcionado pelas batalhas em Momodora é mediano, e fácil para jogadores que possuem experiência com o gênero. No entanto, para quem ainda não tem tanta familiaridade, pode se ver com algumas dificuldades em certas batalhas.
Aspectos da progressão de jogo em Momodora
Para a nossa experiência, o labirinto metroidvania não desafia tanto durante uma boa parte do jogo, até mais da metade. Porque, na verdade, ele se desenrola de maneira mais linear, e só depois da metade é que ele se torna um pouco mais complexo, exigindo do jogador uma memorização dos cenários para idas e vindas com a Kaho. O que, em certa medida, é natural para jogos do gênero, mas deixa a desejar em Momodora.
Existe uma variação pequena de itens, os mais importantes serão inevitáveis de usar, mas uma parte é completamente descartável. Dá para sobreviver bem com o básico que o jogo oferece. Há itens, por exemplo, exclusivos apenas para quem quer fechar 100% do game.
Dentre eles, estão presentes alguns itens de cura que ajudam na jornada de Kaho, as Bellflowers, que restauram parte da saúde, e as Astral Charm, que além de recuperar a saúde, potencializam os efeitos das Bellflowers. Já para as armas ofensivas, que são caracterizadas pelo design de uma folha (de árvore), estão o Maple Leaf, a Sacred Leaf, para ataques de curtas distâncias, além de arco e flechas, para os de longa distância.
Com a folha, é possível desferir 4 tipos de golpes, sendo 3 deles parte de ataques em sequência e um, enquanto a personagem pula, sendo o que causa o maior dano.
Músicas
As músicas fazem um bom jus ao ambiente, por vezes melancólico e dramático, e até sua ausência em alguns momentos ajudam a criar a atmosfera. Destaque para o tema de Royal Pinacotheca, em cerca de 60% do game, que possui um ar misterioso e desolador, refletindo a tristeza em que os habitantes ao redor do castelo de Karst estão passando. E, também para as músicas dos chefes que, embora seja reaproveitada em quase 100% dos chefões, são empolgantes.
Cada área do jogo possui faixas próprias que ajudam a distinguir os diferentes ambientes e a reforçar a identidade única de cada local. Por exemplo, Floresta de Karst possui tons suaves e elementos de percussão leves, criando uma sensação de serenidade misturada com uma leve tensão, sugerindo a presença de perigos ocultos. Já a Cidade Subterrânea ganha um tom mais pesado e ominoso, com acordes profundos e uma melodia que sugere abandono e ruínas.
A escolha dos instrumentos feita por Rdein é crucial para estabelecer o tom em Momodora. Reproduzindo instrumentos como violinos e violoncelos para criar uma sensação de tragédia e urgência. Junto com sintetizadores e efeitos sonoros eletrônicos que adicionam uma camada de surrealismo e mistério, complementando a estética visual do jogo.
Finais
O jogo possui três finais e surpreendentemente o final mais fácil é o que apresenta o final ruim, isto porque depende da obtenção de apenas um único item, que é o upgrade final e único da arma principal da personagem, utilizado para purificar o sino na Catedral de Karst. Se o jogador não obtê-lo a maldição que assola o reino se espalha e a escuridão continua a dominar. Kaho, portanto, não cumpre sua missão e o futuro do mundo permanece sombrio e incerto.
Os outros dois finais giram em torno da realização do ritual de purificação, ao cumprir todas as missões do jogo, coletar os chamados “crest fragments”, o final verdadeiro e positivo é obtido, onde a personagem derrota a rainha e purifica o reino do mal completamente. Porém, caso o ritual não seja feito de maneira completa, um final ambíguo acontece, onde, apesar de Kaho derrotar a rainha de Karst, a maldição fica a espreita, tornando o futuro incerto.
O chefe final também não é difícil, exige apenas que se domine seus movimentos e ataques, mas, se for comparar, ainda assim menos difícil que Lupiar e Magnolia, dentro da nossa experiência.
Conclusão
Momodora, como dito antes, nos causou sensações ambíguas, nos para como um grande jogo que não conseguiu explorar todo o seu potencial, mas que ainda assim entrega experiências agradáveis, principalmente em seu combate dinâmico e divertido.
No entanto, sabendo da história de seu desenvolvimento, todas as suas fraquezas se tornam compreensíveis. O game foi projetado e dirigido apenas uma pessoa no GameMaker, o que é incrível para o que entrega. Sem contar que é um material criado por um brasileiro, honrando a nossa capacidade de produzir bons jogos
Momodora foi uma experiência aproveitável!
Agora uma dúvida curiosa que ficou… por que só existem personagens femininas?
É isto, obrigado por ler até aqui! Você concorda, discorda? Deixe sua opinião nos comentários, adoraríamos ler
Fontes: Bombservice / Deviantart / X de Rdein
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