Divertida e um tanto criativa no cenário independente, banda se categoriza como um grupo alternativo eletrônico, mas é mais complexo do que isso
Late of the Pier
Late of the Pirer é uma banda formada em 2004 na cidade de Castle Donington (Inglaterra) por um grupo de 4 jovens. Com personalidade, eles lançaram apenas um único álbum de estúdio em toda sua carreira ativa, que ocorreu entre 2005-2010.
Entregando diversão e diversidade sonora, embora muitas vezes emprestado, num tom majoritariamente harmonioso e com senso de unicidade, o grupo mistura elementos de rock e eletrônico e flerta com os mais diversos subgêneros: do disco-punk e glam punk ao electroclash e neo-prog. Conheça neste post, Fantasy Black Channel.
Por muitos anos desde sua formação, e até antes dela, o grupo escreveu apenas singles que foram lançados entre 2007-2008. Estes trabalhos posteriormente iriam compor o seu primeiro e único álbum de estúdio: Fantasy Black Channel, produzido pelo DJ britânico Erol Alkan (LCD Soundsystem e Bloc Party) e lançado pela gravadora Parlophone.
O grupo performou em pequenos festivais do país, como em Reading and Leeds, conhecido por apresentar bandas do cenário alternativo (rock, punk metal etc), no palco da NME/Radio 1 como novo grupo estreante. Erol influenciou bastante em seu trabalho, uma vez que o DJ é conhecido por desenvolver sons com elementos de electro-rock, new rave e discopunk.
Só em 2008 os jovens lançaram Fantasy Black Channel que viria a ganhar no ano seguinte o Neptune Music Prize, prêmio de reconhecimento musical da revista virtual Drowned in Sound (que atualmente se encontra fora do ar). Após isso, foram lançados alguns singles como Bluebarry (2009) e Best in the Class (2010) juntos, mas depois seguiram trabalhos independentes e pararam de atuar em Late of the Pier desde então.
Fantasy Black Channel
Fantasy Black Channel se realiza muito bem em suas misturas dançantes, vibrantes e tecnológicas ao longo do álbum. Em sua primeira faixa – Hot Tend Blues -, apenas instrumental, nos deparamos já com o principal elemento que o compõe: o sintetizador, mas de maneira muito mais sóbria do que é apresentado ao longo do LP. Seu uso resgata uma vibe do pop aparente lá dos anos 80, de uma forma similar ao que às composições de Metronomy e de certa forma LCD Soundsystem fazem e acaba ficando nítido inspirações em David Bowie.
A mistura sintética é acoplada em tons que hora lembram uma viagem à selva tribal, hora à uma viagem Interestelar e jogos eletrônicos em seus primórdios da década 90, juntamente com uma maneira “aberta” e “misturada” de cantar do vocalista Sammuel, na música The Bears Are Coming – que remete à outro grupo que flerta com temas animalescos, Animal Collective, isso é visível. Ao mesmo tempo, alternam um sinthpop dos anos 80 à um rock mais tradicional com guitarra mais presente nas eletrizantes Heartbeat e VW.
Você também pode se interessar: Sua maquina do tempo; conheça o recurso de perfil musical do Spotify
Essa mistura, embora harmoniosa ao longo do álbum e que são parte primordial do fator criativo e caracterizante, as vezes se voltam conta ele . Em Focker, por exemplo, o início, desenvolvimento e fim se apresentam como partes completamente diferentes que parecem faixas distintas, apresentando cortes bruscos que quebram um pouco da harmonia e podem causar uma confusão mental e sensação caótica, isto também acontece em outros momentos.
Estas quebras, quando de uma faixa para a outra, parecem naturais para a identidade do álbum, mas ficam confusas quando ocorrem em uma única faixa pequena, como a mencionada, algo que já funciona relativamente bem em Bathroom Gurgle, última faixa que encerra o álbum em um tom calmo, muito dispare ao restante do LP.
Uma das maiores falhas de Fantasy Black Channel está em seu lirismo, tocando temas de existencialismo (Space and the Woods), muitas vezes parecem vazias e sem sentido (VW), como uma tentativa de fazer poesia, mas que acaba falhando pois não significa nada, não acrescenta em nada, fazendo com que o grande brilho esteja em sua parte instrumental, que embora não seja perfeita por conta de algum aspecto caótico, reproduz e entrega bem aquilo que já foi criado no passado e, ainda, consegue ter seu próprio senso estético, embora possamos questioná-lo, como em suas tentativas de ser muito disruptivo e acaba sendo apenas caótico.
O grupo, de fato, em nossa opinião, criou algo particular e criativo e se o álbum é um medley, é um que foi bem apresentado por Erol que vale a pena ser experimentado por fãs de indie eletrônico, rock, exploradores de plantão ou mesmo aqueles que querem especificamente reviver um pouco do synth criado nos anos 80, ainda em 2024.
Para se manter antenado e receber mais análise e novidades no mundo da música, acompanhe a Cultura Pixel . Assine a nossa Newsletter para receber as novidades pelo e-mail.
